Pelo chão atapetado com tapete
espesso e com muitíssimo bom aspecto, espalhava-se um conjunto de variadas
coisas o que conferia ao tapete, muito mau aspecto: garrafas meio vazias, umas
champagne, outras, não, roupas femininas, algumas íntimas, outras não, dois
pares de sapatos, um deles de mulher, e mais uma quantidade de coisas que
resultaria fastidioso descrever.
A cama, tamanho “XXL”, estava
igualmente um caos assim como os dois personagens que na mesma dormiam o sono
dos bêbados de dupla embriaguez: a da bebida e a do sexo.
De repente, um estrondo enorme
abalou toda a estrutura do gigantesco navio de cruzeiros de luxo.
Acordando estremunhada a
beleza italiana abanou o profundamente adormecido Comandante que continuou
exactamente na mesma.
Só ao terceiro abanão o homem
se soergueu sobre o braço direito para perguntar:
‘Que foi? Que queres minha
diva? Deixa-me dormir, recuperar um pouco que seja e já voltamos ao que
estávamos a fazer.’
Mas, a diva, não lhe deu
descanso e continuou a abaná-lo até que o Comandante se sentou no vasto leito
e, esfregando os olhos pesadíssimos dos excessos de minutos antes, olhou em
volta verificando a estranha posição que alguns dos móveis e quadros nas
paredes estavam a tomar: deslizando uns, inclinando-se, outros.
Novo estrondo acompanhado de
violento estremeção do navio veio acordar, definitivamente o glorioso Comandante.
‘Mas que se passa? O que é
isto?’ perguntava a completamente desperta e também visivelmente assustada
mulher. ‘Parece que batemos em qualquer coisa!’
O Comandante, específico como
era, replicou:
‘Bom, querias ver a ilha de
perto não é verdade? Eu, faço tudo para satisfazer uma diva como tu. Mas não te
preocupes, eu bem te disse que conhecia esta costa como ninguém. Não há rocha
nem escolho que eu não conheça mesmo a dormir. Pois bem, emala a trouxa e veste
qualquer coisa porque devemos ter abalroado um desses escolhos…’
E, enquanto a jovem se vestia
num ápice, o Comandante, mesmo em cuecas abriu a porta e, correndo como um
louco, atirou-se para dentro de um dos primeiros salva-vidas que, entretanto,
já boiavam nas águas mediterrânicas onde o Concórdia, ferido de morte, se
inclinava de bordo com assustadora rapidez.