Nalgumas
sociedades contemporâneas aparecem, de vez em quando, homens que se presumem
possuidores de uma inteligência e sabedoria tais que não conseguindo viver sob
o seu peso esmagador se sentem compelidos a, sem que ninguém lho solicite, distribuir
parte dessa luz esplendorosa para ao incidir sobre o povo anónimo configure uma
tentativa de o arrancar das profundas trevas da ignorância em que anda
mergulhado.
Normalmente têm
um tendência para se considerarem faróis, tal a intensidade da luz que, a eles
próprios, os cega, mas, no nosso caso português ainda nenhum conseguiu tal
estatuto não passando, quando muito, da luz esfumada e mortiça de um candeeiro
de filme a ‘preto e branco’.
Portugal tem a
enorme felicidade de ter vários ‘candeeiros’ destes a tentarem rasgar a densa
escuridão em que se encontra e por onde tropeça na busca anelante de quem o
salve.
Assumem-se em
vários personagens:
Bento, Anselmo,
Mário, Manuel, Otelo, Januário, umas vezes Domingues, outras Borges, de vez em
quando Soares, nem sempre Alegre, ou simplesmente Saraiva ou, ainda, prosaica e
poeticamente Torgal.
Mas, na verdade,
personificam um único:
Alguém cuja
vaidade, auto-convencimento e pesporrência o impede de ser uma pessoa ‘normal’
e proceder como tal, isto é, com coerência, pudor, respeito pelos outros,
contenção e, já agora, com, pelo menos um poucochinho, de humildade pessoal.
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